domingo, 18 de abril de 2010

Seleção do melhor e do pior de Buenos Aires

Na semana que passou, mais precisamente dia 15 de abril, completei quatro anos em Buenos Aires. Para alguns pode parecer muito tempo, para outros nem tanto. Só sei que nesse período, vi, vivi, comi, tomei, andei e experimentei um sem fim de experiências aqui. Por isso, nessa reta final, achei que seria legal fazer uma lista das coisas que mais gostei e das que menos gostei em Buenos Aires. Vamos lá!

· Os parques: Buenos Aires tem parques lindos, pequenos, enormes, de todos tipos, espalhados por toda a cidade. Nos dias de sol é muito legal sentar na grama, fazer um pic nic ou somente curtir a natureza ao redor.

· O sorvete: Meu Deus, o sorteve daqui é muito bom! Há os mais diversos sabores e, entre eles, o doce de leite é o mais tradicional. Pra ter uma idéia da potencia do meu consumo de sorvetes durante esses quatro anos, basta mencionar que há uma sorveteria no térreo do prédio onde eu moro e os rapazes que trabalham alí sabem meus gostos preferidos melhor que eu mesma.

· As massas: Aqui se chamam “pasta”. As massas, na sua maioria, são artesanais e deliciosas. Minha preferida é o sorrentino. Não há um tipo de massa no Brasil que corresponda ao sorrentino, ou seja, vou sentir saudades...

· Os elogios: Imagine a típica cena – mulher passando em frente a uma construção. Logo vêm à mente um monte de cantadas impronunciáveis, certo? Errado, pelo menos aqui em Buenos Aires. Pelo menos as vezes que eu tive a oportunidade de passar por uma obra, escutei coisas meigas como “hermosa” ou “bombón”. Não fere o ouvido de ninguém. Ao contrário, levanta o ego da mulherada. Então, um viva para as cantadas nas construções porteñas!

· Palermo: Não me refiro ao jogador de futebol, mas ao bairro onde morei desde que me mudei a Buenos Aires. Adoro aqui! Tem de tudo perto, as pessoas são bonitas e o nível de segurança ainda é um dos melhores da cidade. Sempre tive um pouco de resistência quando o assunto era me mudar de Palermo e tudo me leva a acreditar que eu tinha razão, afinal, esse bairro é a minha cara!

· O inverno: Faz muito frio aqui no inverno. Acredite em mim! Alguns anos são mais gélidos que outros, mas, em geral, é frio mesmo. Em 2007 nevou na Capital Federal e eu só faltava ter gelinho pindurado na orelha e nariz. Depois de um verão infernal (odeio o verão aqui, mas isso vou comentar mais adiante), o outono e primeiros meses do inverno são como refrescos para a alma. Além disso, é a oportunidade perfeita para usar casacos lindos, sobretudos, boinas, luvas e cachecóis. No fim do inverno já estamos todos de saco cheio das baixas temperaturas, mas isso já é outra história.

· Mocinhos: Os rapazes, pelo menos os porteños (não sei falar do resto do país porque viajei muito pouco dentro da Argentina), são lindos. Verdadeiros colírios para os olhos femininos. São muito frescos pro meu gosto, porque gostam de ser ignorados pelas mulheres, mas na aparência, carimbo e assino embaixo.

· As propagandas: Até me arrisco a dizer que os intervalos comerciais aqui são entretidos, porque a publicidade é criativa e, na maioria das vezes, engraçada. Um exemplo é a do bebê que vê a mãe conversando com a planta, fica com ciúme e quer ir embora de casa. Hilária! Fazia parte da campanha da Personal para o Dia das Mães em 2007. Aqui está o link: http://www.youtube.com/watch?v=n0dXKhjVfhc&feature=related. Essa daqui também é muito legal: http://www.youtube.com/watch?v=bMbGjZEBId4 .

· Bajofondo Tango Club: Forte, apaixonante. Assim poderia descrever a música desse grupo, comandado pelo talentoso Gustavo Santaolalla. Vale a pena escutá-los. Os arranjos presentes nas canções cumprem com uma das missões que a música tem ao ser criada por um autor: gerar sensações em quem as ouve. Na minha opinião, é a melhor música da Argentina e a representa muito bem.

Estão, também as coisas que não aprovei em Buenos Aires e vou preferir não me lembrar delas quando já não estiver mais aqui.

· Jornalismo: Mesmo sendo jornalista, acho que não sou tão exigente nessa questão, mas o jornalismo na Argentina não me agrada em nenhum aspecto. Nenhum! No jornal impresso sempre falta uma das informações básicas. Se a notícia é sobre um show que está por chegar à cidade, certamente, vai faltar algum dado, como onde vão fazer o espetáculo ou a data em que a banda está tocando na cidade. Já o jornalismo televisivo me revolta. O pratinho com medias lunas sobre a bancada no estúdio eu posso suportar, mas os apresentadores mandando beijinhos e fazendo piadinhas pessoais entre eles, acho que já é demais. Além disso, quando a matéria é sobre um crime, mostram a casa da vítima e do suspeito, com direito ao endereço completo. Falta ética, falta noção.

· Manifestações: Até a semana passada a rotina era sempre a mesma. De manhã me levantava, ligava a televisão enquanto me preparava para ir trabalhar. Aproveitava para escutar as notícias e a agenda dos protestos do dia pela cidade. É isso mesmo! Você não leu errado. As manifestações populares, dessas que bloqueiam as ruas e promovem o caos urbano, são divulgadas para que as pessoas possam evitá-las, se possível... São cerca de cinco marchas por dia, nas principais artérias da cidade. Tive a péssima oportunidade de ter que cruzar algumas delas e, em alguns momentos, é assustador, com pessoas com bastões de madeira e o rosto coberto. O que mais me revolta é que, na maioria das vezes, são movimentos sem um motivo concreto e a maioria das pessoas envolvidas não tem nem a mais pálida idéia do que está fazendo alí. Já os escutei reclamando sobre a situação dos Palestinos etc. Uma vez um jornalista fez uma pesquisa e saiu perguntando aos manifestantes a razão do protesto e... adivinhe???? Não sabiam, claro!

· Histeria: Isso já foi o tema de um post do meu blog, quando ainda estava hospedado no UOL. Queria esclarecer uma coisa: não se trata de gritaria ou nervos descontrolados, como muitos devem imaginar. O que chamam de histeria aqui é a típica situação em que o homem ou a mulher demonstram que não estão a fim quando, em realidade, estão. Seria o velho conhecido “não %¨&* e nem sai da moita”. Segundo o pessoal aqui, é uma espécie de estratégia para conquistar o outro. Eu, particularmente, não consigo entender esse comportamento, então resolvi nunca entrar nesse jogo. Bom, vejo que aqui quem não “histeriquea” não leva o troféu pra casa, mas mesmo assim, prefiro ser eu mesma. Direta e sincera.

· Cortes de cabelo: Mulets! Oh, my God! Homens tão bonitos com cabelos que ficaram presos nos anos 80. Na maioria das vezes são descabelados, sem corte e com aquele “rabinho” atrás. Uma verdadeira pena... Mas as mulheres não estão a salvo. Há cada corte de cabelo... Jesus! Repicado do topo da cabeça até a ponta da melena. Parece que o cabelereiro tinha mau de parkinson. Um horror!

· Calor: O que tem a primavera e o outono de agradáveis, tem o verão de insuportável. Calor, associado à altíssima umidade do ar, é igual a quase desmaio, suor e mau humor. Sem contar no metrô lotado e todos transpirados. Um nojo.

· Mau humor das vendedoras: Odeio entrar a uma loja em que haja duas vendedoras conversando entre si e que nenhuma me dê a mínima atenção. Simplesmente viro, dou as costas e vou embora. Parece que estão alí fazendo um favor para o cliente. Está também a situação em que a vendedora está dobrando roupas e prefre continuar essa tarefa em lugar de vender.

· Taxistas: Para conseguir um taxista que seja simpático e não dê golpes ou passeie você pela cidade é necessário uma boa dose de sorte. A última que aconteceu comigo foi revoltante. No fim de semana de Páscoa, depois de três dias passando mal em casa, decidi tomar um taxi e ir para o hospital. Chegando na porta da emergência, dei uma nota de 50 pesos. O taxista começou a gritar comigo porque eu não o havia avisado que ia pagar com uma nota de 50. Vamos lá, 50 pesos não é um valor tão alto assim e ele tinha que me devolver 40. Por isso, rodei a baiana ali mesmo. Afinal, tomei um taxi porque não podia andar e, naquela altura do campeonato, tinha que buscar troco para ele. Só o que me faltava! Consegui o troco num estacionamento ao lado e joguei os 40 pesos dentro do taxi. Falta de educação da minha parte? Certamente, mas a minha ira falou mais alto.

· Férias de 15 dias: A frase que mais aplica aqui seria “Ninguém merece!”. E é verdade. Poxa, vida. 15 dias de férias nos primeiros cinco anos na empresa é injusto e quase um castigo. Eu, por exemplo, usava essas duas semanas para ir visitar minha família no Brasil. Ou seja, não tinha condições de viajar a nenhum outro lugar.

· Derecho de piso: Quando escutei falar sobre o “derecho de piso” quase não acreditei. É quase como um trote de faculdade, em que os veteranos tem mais direitos e ditam as regras. Acredito no direito comum, se todos trabalham na mesma empresa, estão alí como equipe e, se começamos a fazer diferença entre as pessoas por tempo na companhia, não é igualdade.

4 comentários:

  1. Mari, adorei sua listinha. Realmente o sorvete argentino é DIVINO! E os hombres también! Lindos!!! Ah, e são mais gentis que os daqui, já achava isso, depois do exemplo da cantada de obra tive certeza!

    Ah, já tive experiências ruins com taxistas porteños são loucos... dão medo! E o calor, nem se fala, muito quente, muito! Eu também não suporto....

    Beijos

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  2. Oi Mari!
    Excelente lista! É tudo verdade!!!
    Estive estudando um ano em Buenos Aires e o que mais me preocupava era aonde ia dormir.
    Encontrei uma hospedagem Buenos Aires muito legal no bairro de Palermo e fiquei ali até que termino o ano.

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  3. Coincido totalmente no melhor e no pior. Essas medias lunas em cima da mesa e as piadinhas sãode amargar. E el derecho de piso...
    Me identifiquei mto com seu blog, já que tb estou voltando ao Brasil depois de 12 anos na Argentina e por enquanto na casa da "mamãe".

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  4. Nossa, parece q vc entrou dentro da minha mente!! Concordo com tudo em gênero, número e grau! Morei 4 anos e meio em Buenos Aires e fico mto feliz em saber q eu nao sou a única q odeia as vendedoras, o jornalismo... etc... rs Mto sucesso pra vc!! Amei seu blog flor!!

    Camila

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