domingo, 26 de setembro de 2010

Uma linda Primavera em Buenos Aires

Chegou a Primavera. No Brasil não dá pra perceber muito a chegada dela, pois a temperatura aqui oscila todos os dias e parece até que passamos por todas as estações em um só dia. Mas a estação mais florida do ano é bem mais especial em Buenos Aires. Depois de um inverno rigoroso, as pessoas ficam mais felizes e animadas com os dias um pouco mais quentes e agradáveis, além de que a cidade fica bem mais bonita com a presença das flores.

Não há como falar em Primavera e não pensar em Buenos Aires. Lembro-me das vezes que fui com os colegas de trabalho, na hora do almoço, fazer pic nic no parque em Puerto Madero. Levávamos comidas leves, como sanduíches e saladas, e uma manta para colocar sobre a grama. Uma delícia passar, pelo menos durante uma hora e meia, momentos tão agradáveis.

Mas outras lembranças, queira eu ou não, povoam minha cabeça nessa época... Há dois anos, em 21 de setembro de 2008, um sábado à noite, fiquei de levar amigas brasileiras que estavam passando uns dias em BA para passear na noite porteña. Marquei com um amigo do trabalho, o Pablo, e pedi a ele que levasse outros amigos. Estava tudo armado. Íamos nos divertir a valer e mostrar a night para as minhas visitantes. Mas elas resolveram que estavam cansadas e não quiseram ir. Bom, desisto e aviso ao Pablo que não vamos? Não! Ele me mataria! Sendo assim, fui eu. Sozinha. Os meninos ficaram decepcionados com a ausência das turistas, mas a noite não terminaria ali.

De um lado a outro por Palerno Hollywood, não sabíamos onde ir. Os lugares estavam todos lotados, ou caros, ou vazios demais... Finalmente, entramos no Ink Buenos Aires. Dançamos a noite toda e nos divertimos muito. Mal sabia eu que aquela noite iria me marcar tanto...

Entre os amigos do Pablo, estava um mocinho, cujo nome não quero mencionar aqui, que se aproximou de mim insistentemente depois que entramos no “local bailable”. A princípio, não havia prestado muito a atenção nele, mas, aos poucos, com sua atitude de me tirar pra dançar e olhares diferentes, foi fazendo com que eu o notasse mais. Pediu meu telefone. Opa! O rapaz parecia estar interessado mesmo. Mas eu estava tentando sacar qual era a dele realmente. No dia seguinte, trocamos mensagens e acabamos nos encontrando e... tcharammmm! Surgiu o beijo.

Com encontros e desencontros durante uma época (pretendo contar isso aqui um dia), começamos a viver um período de paixonite aguda. Por motivos que não consegui engolir nunca (sempre penso nisso), para a minha surpresa, nosso relacionamento, que ainda estava engatinhando, teve um fim. Foi um baque para mim, que estava tão apaixonada. Achava que era a pessoa perfeita pra mim, pra namorar, pra passar o tempo, pra casar, ter filhos, ou apenas passear de mãos dadas pelo parque de Vicente López. Não deu certo, mas me marcou profundamente e traz sempre à minha memória, com uma certa mescla de tristeza e nostalgia, lembranças de uma linda Primavera em Buenos Aires.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um novo recomeço

Essa semana cheguei um dia atrasada por aqui. Costumo postar sempre aos domingos, mas essa semana a preguiça foi mais forte. Devo admitir. Estou vivendo um momento de readaptação ao idioma, aos costumes, enfim, a tudo. Este, ao contrário do que a maioria das pessoas pode pensar, não está sendo um tempo de descanso pra mim, pois não paro de pensar no meu futuro, sobretudo no aspecto profissional. A cabecinha fica fervilhando permanentemente.
Faz uma semana e alguns dias que cheguei ao Brasil e estou na casa da minha mamãe, matando a saudade da minha família. Sabe, durante esse curto período de tempo aqui, parei algumas vezes para pensar nos últimos quatro anos da minha vida, nas pequenas coisas que passei em Buenos Aires. Às vezes me pego pensando: "Como as coisas podem mudar tanto de um dia para o outro, não é mesmo?". Até outro dia atravessar a Coronel Díaz para mim era algo corriqueiro, comprava media lunas na confitería da esquina. Tudo era tão normal, que não parecia que ia se acabar nunca.
Conversando com algumas pessoas mais próximas, cheguei a questionar a continuidade deste blog. Afinal, o título dele é "As aventuras de uma brasileira em Buenos Aires" e eu não estou mais lá. Mas todos com os quais falei sobre o assunto me incentivaram a seguir com o blog. Pensando bem, eles têm razão. Há um monte de histórias engraçadas, outras até bem curiosas, que ainda não contei neste espacinho cibernético. Vou continuar, mesmo porque "nadie me quita lo bailado".
Beijos e boa semana!
Nota: No fim de semana, eu estava vendo a novela das sete da Globo com a minha mãe e, em um determinado momento, ela me perguntou: "Este mocinho, quem é?". Eu a olhei com uma cara do tipo - Mãe, faz só alguns dias que estou aqui e não tenho a mais pálida idéia do que faz este personagem na trama - e ela entendeu o espírito da coisa. Essas coisas rolam quando a gente volta. Hehehe...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O adeus...

A Santa Fe virou mão dupla, o andar 17 do edifício onde eu trabalhei dois anos está sendo redesenhado, um monte de gente se casando... Realmente, é o fim de um ciclo. O momento exato para começar a escrever minha história de novo, em outro lugar.

No entanto, o processo de ir embora e deixar o passado recente não é tão fácil como eu imaginava. A melancolia bate calada e tudo é motivo para se lembrar de algo, uma recordação de um bom momento. Pra se ter idéia do quanto estou sensível, hoje fechei a conta no banco e, quando o rapaz rompeu meu cartão, me deu uma dor no coração. Parece que cada medida que tomo para a mudança tem o efeito de um golpe. Neste instante, minha visão é do meu apartamento vazio e malas cheias num canto. Não pensava que seria assim, mas isso dói.

Os dias que antecedem minha partida de Buenos Aires estão cheios de lágrimas, despedidas e surpresas. Meus amigos do escritório elaboraram um lindo presente de despedida, que me emocionou. Cartinhas escritas por cada um, uma foto de todo o grupo e dim dim (eles sabiam que minhas malas estão cheias e não entraria nem um grão mais). Muito sábios!

Bom, não precisa nem dizer que, ao ver a foto, minhas lágrimas já começaram a rolar... Há pessoas que exerciam o papel de minha família aqui, com os quais eu passava horas e horas do meu dia, todos os dias. Compartimos risadas, choro, momentos de ira e de piadas. Ouso até dizer que vou sentir saudades das músicas do Cristián. Meu Deus, é grave o que acabei de escrever! Hahaha...

A última noite inclui fechar as malas, tirar todos meus objetos do apartamento e passar esses últimos momentos aqui sozinha com meus pensamentos. Mas há lugar para mais surpresas. Eis que ouço, às 23h30, meu interfone tocar. Quem poderia ser a essa hora? Era o mocinho que trabalha na sorveteria no terreo do meu prédio, que queria me presentear com ¼ de sorvete. Pode ser que eu seja muito manteiga derretida, mas essa atitude tocou meu coração profundamente. Senti-me querida e vi que os cumprimentos sempre que passava em frente à sorveteria, a simpatia e a amabilidade podem fazer diferença no dia-a-dia. O que pode significar um pote de sorvete ou uma cartinha? Para muitos, nada especial, mas pra mim resume esses quatro anos aqui em Buenos Aires.

Encaro esta despedida como a separação de um casal. Como dois amantes, há muitas coisas das quais me arrependo ou gostaria de ter feito de forma diferente e outras que vão deixar saudades. Buenos Aires é o amor que fica e se despede, enquanto eu sou o outro lado do casal, que faz as malas e vai tentar outra sorte, com uma história intensa na bagagem.

Adiós!

domingo, 25 de abril de 2010

Último domingo

Buenos Aires vai me dando seu adeus de maneira cinza e fria. Este foi meu último domingo aqui, afinal, quinta-feira que vem estarei partindo para o Brasil, rumo a um futuro incerto. Neste momento, tudo parece ter gostinho de despedida. Passeio pelos cafés, pelas ruas, para usufruir ao máximo da vida porteña e talvez poder viver o que não vivi ou não aproveitei durante esses quatro anos.

Não chego a sentir arrependimento com relação à minha decisão de ir embora, mas estou certa de que as coisas estão rolando de maneira muito rápida e não estou tendo tempo para desfrutar esses últimos dias aqui como eu gostaria. São emoções desencontradas. Ao mesmo tempo que quero chegar logo ao Brasil e ver minha família, sinto que minha partida será como romper um cordão umbilical. Nunca será igual. Por mais que eu volte a passeio, não será igual.

Vejo minhas malas pela sala e meu apartamento quase vazio, só com alguns poucos objetos dentro dos armários, e, devo admitir, dá um nó na garganta. Passei bons e maus momentos aqui. São três anos e meio de sábados à noite sozinha neste apartamento só com a companhia de uma pizza e um DVD, de reunião com amigos, de amores mal resolvidos e outros arrebatadores...

Se alguém perguntar o que é Buenos Aires para mim, vou responder que é o todo. É a soma do meu cantinho aqui na Avenida Coronel Díaz, dos meus amigos, da rotinha que eu tinha aqui. Esse post de hoje anda meio melancólico, mas reflete como me sinto hoje, num domingo que parece ter um sorriso quase inexistente. Ando segurando a emoção, porque as lágrimas não valem a pena. Como gosto sempre de citar letras de música que tenham a ver com meus posts, deixo um trecho da canção “Basta ouvir seu coração”, do Ivan Lins e Maurício Manieri, que fez parte do desenho animado “Tigrão”. Se puder, ouça. É muito linda.
Tchau e boa semana!
Basta ouvir teu coração

O Sol quente das manhãs
As noites de luar
A vida é tudo o que se quis
Um canto de amor
Mas de repente não há mais música no ar
E tudo é diferente do que você sonhou.
Se você sentir a solidão da escuridão
Pense em quem te faz feliz
A amizade tem um querer bem
Que esteja onde estiver
Tudo vai ser como é
Basta ouvir seu coração
As lembranças vão surgir
É só você buscar
Abraços e sorrisos
Que ninguém pode apagar
Vão relembrar histórias que você já se esqueceu
Ninguém está sozinho
Se não existe adeus
Se você sentir a solidão da escuridão
Pense em quem te faz feliz
A amizade tem um querer bem
Que esteja onde estiver
Tudo vai ser como é
Basta ouvir seu coração
Há um lugar em você
Onde está a alegria de viver
Preste atenção no que essa voz diz
Em seu coração
Você não vai se perder

domingo, 18 de abril de 2010

Seleção do melhor e do pior de Buenos Aires

Na semana que passou, mais precisamente dia 15 de abril, completei quatro anos em Buenos Aires. Para alguns pode parecer muito tempo, para outros nem tanto. Só sei que nesse período, vi, vivi, comi, tomei, andei e experimentei um sem fim de experiências aqui. Por isso, nessa reta final, achei que seria legal fazer uma lista das coisas que mais gostei e das que menos gostei em Buenos Aires. Vamos lá!

· Os parques: Buenos Aires tem parques lindos, pequenos, enormes, de todos tipos, espalhados por toda a cidade. Nos dias de sol é muito legal sentar na grama, fazer um pic nic ou somente curtir a natureza ao redor.

· O sorvete: Meu Deus, o sorteve daqui é muito bom! Há os mais diversos sabores e, entre eles, o doce de leite é o mais tradicional. Pra ter uma idéia da potencia do meu consumo de sorvetes durante esses quatro anos, basta mencionar que há uma sorveteria no térreo do prédio onde eu moro e os rapazes que trabalham alí sabem meus gostos preferidos melhor que eu mesma.

· As massas: Aqui se chamam “pasta”. As massas, na sua maioria, são artesanais e deliciosas. Minha preferida é o sorrentino. Não há um tipo de massa no Brasil que corresponda ao sorrentino, ou seja, vou sentir saudades...

· Os elogios: Imagine a típica cena – mulher passando em frente a uma construção. Logo vêm à mente um monte de cantadas impronunciáveis, certo? Errado, pelo menos aqui em Buenos Aires. Pelo menos as vezes que eu tive a oportunidade de passar por uma obra, escutei coisas meigas como “hermosa” ou “bombón”. Não fere o ouvido de ninguém. Ao contrário, levanta o ego da mulherada. Então, um viva para as cantadas nas construções porteñas!

· Palermo: Não me refiro ao jogador de futebol, mas ao bairro onde morei desde que me mudei a Buenos Aires. Adoro aqui! Tem de tudo perto, as pessoas são bonitas e o nível de segurança ainda é um dos melhores da cidade. Sempre tive um pouco de resistência quando o assunto era me mudar de Palermo e tudo me leva a acreditar que eu tinha razão, afinal, esse bairro é a minha cara!

· O inverno: Faz muito frio aqui no inverno. Acredite em mim! Alguns anos são mais gélidos que outros, mas, em geral, é frio mesmo. Em 2007 nevou na Capital Federal e eu só faltava ter gelinho pindurado na orelha e nariz. Depois de um verão infernal (odeio o verão aqui, mas isso vou comentar mais adiante), o outono e primeiros meses do inverno são como refrescos para a alma. Além disso, é a oportunidade perfeita para usar casacos lindos, sobretudos, boinas, luvas e cachecóis. No fim do inverno já estamos todos de saco cheio das baixas temperaturas, mas isso já é outra história.

· Mocinhos: Os rapazes, pelo menos os porteños (não sei falar do resto do país porque viajei muito pouco dentro da Argentina), são lindos. Verdadeiros colírios para os olhos femininos. São muito frescos pro meu gosto, porque gostam de ser ignorados pelas mulheres, mas na aparência, carimbo e assino embaixo.

· As propagandas: Até me arrisco a dizer que os intervalos comerciais aqui são entretidos, porque a publicidade é criativa e, na maioria das vezes, engraçada. Um exemplo é a do bebê que vê a mãe conversando com a planta, fica com ciúme e quer ir embora de casa. Hilária! Fazia parte da campanha da Personal para o Dia das Mães em 2007. Aqui está o link: http://www.youtube.com/watch?v=n0dXKhjVfhc&feature=related. Essa daqui também é muito legal: http://www.youtube.com/watch?v=bMbGjZEBId4 .

· Bajofondo Tango Club: Forte, apaixonante. Assim poderia descrever a música desse grupo, comandado pelo talentoso Gustavo Santaolalla. Vale a pena escutá-los. Os arranjos presentes nas canções cumprem com uma das missões que a música tem ao ser criada por um autor: gerar sensações em quem as ouve. Na minha opinião, é a melhor música da Argentina e a representa muito bem.

Estão, também as coisas que não aprovei em Buenos Aires e vou preferir não me lembrar delas quando já não estiver mais aqui.

· Jornalismo: Mesmo sendo jornalista, acho que não sou tão exigente nessa questão, mas o jornalismo na Argentina não me agrada em nenhum aspecto. Nenhum! No jornal impresso sempre falta uma das informações básicas. Se a notícia é sobre um show que está por chegar à cidade, certamente, vai faltar algum dado, como onde vão fazer o espetáculo ou a data em que a banda está tocando na cidade. Já o jornalismo televisivo me revolta. O pratinho com medias lunas sobre a bancada no estúdio eu posso suportar, mas os apresentadores mandando beijinhos e fazendo piadinhas pessoais entre eles, acho que já é demais. Além disso, quando a matéria é sobre um crime, mostram a casa da vítima e do suspeito, com direito ao endereço completo. Falta ética, falta noção.

· Manifestações: Até a semana passada a rotina era sempre a mesma. De manhã me levantava, ligava a televisão enquanto me preparava para ir trabalhar. Aproveitava para escutar as notícias e a agenda dos protestos do dia pela cidade. É isso mesmo! Você não leu errado. As manifestações populares, dessas que bloqueiam as ruas e promovem o caos urbano, são divulgadas para que as pessoas possam evitá-las, se possível... São cerca de cinco marchas por dia, nas principais artérias da cidade. Tive a péssima oportunidade de ter que cruzar algumas delas e, em alguns momentos, é assustador, com pessoas com bastões de madeira e o rosto coberto. O que mais me revolta é que, na maioria das vezes, são movimentos sem um motivo concreto e a maioria das pessoas envolvidas não tem nem a mais pálida idéia do que está fazendo alí. Já os escutei reclamando sobre a situação dos Palestinos etc. Uma vez um jornalista fez uma pesquisa e saiu perguntando aos manifestantes a razão do protesto e... adivinhe???? Não sabiam, claro!

· Histeria: Isso já foi o tema de um post do meu blog, quando ainda estava hospedado no UOL. Queria esclarecer uma coisa: não se trata de gritaria ou nervos descontrolados, como muitos devem imaginar. O que chamam de histeria aqui é a típica situação em que o homem ou a mulher demonstram que não estão a fim quando, em realidade, estão. Seria o velho conhecido “não %¨&* e nem sai da moita”. Segundo o pessoal aqui, é uma espécie de estratégia para conquistar o outro. Eu, particularmente, não consigo entender esse comportamento, então resolvi nunca entrar nesse jogo. Bom, vejo que aqui quem não “histeriquea” não leva o troféu pra casa, mas mesmo assim, prefiro ser eu mesma. Direta e sincera.

· Cortes de cabelo: Mulets! Oh, my God! Homens tão bonitos com cabelos que ficaram presos nos anos 80. Na maioria das vezes são descabelados, sem corte e com aquele “rabinho” atrás. Uma verdadeira pena... Mas as mulheres não estão a salvo. Há cada corte de cabelo... Jesus! Repicado do topo da cabeça até a ponta da melena. Parece que o cabelereiro tinha mau de parkinson. Um horror!

· Calor: O que tem a primavera e o outono de agradáveis, tem o verão de insuportável. Calor, associado à altíssima umidade do ar, é igual a quase desmaio, suor e mau humor. Sem contar no metrô lotado e todos transpirados. Um nojo.

· Mau humor das vendedoras: Odeio entrar a uma loja em que haja duas vendedoras conversando entre si e que nenhuma me dê a mínima atenção. Simplesmente viro, dou as costas e vou embora. Parece que estão alí fazendo um favor para o cliente. Está também a situação em que a vendedora está dobrando roupas e prefre continuar essa tarefa em lugar de vender.

· Taxistas: Para conseguir um taxista que seja simpático e não dê golpes ou passeie você pela cidade é necessário uma boa dose de sorte. A última que aconteceu comigo foi revoltante. No fim de semana de Páscoa, depois de três dias passando mal em casa, decidi tomar um taxi e ir para o hospital. Chegando na porta da emergência, dei uma nota de 50 pesos. O taxista começou a gritar comigo porque eu não o havia avisado que ia pagar com uma nota de 50. Vamos lá, 50 pesos não é um valor tão alto assim e ele tinha que me devolver 40. Por isso, rodei a baiana ali mesmo. Afinal, tomei um taxi porque não podia andar e, naquela altura do campeonato, tinha que buscar troco para ele. Só o que me faltava! Consegui o troco num estacionamento ao lado e joguei os 40 pesos dentro do taxi. Falta de educação da minha parte? Certamente, mas a minha ira falou mais alto.

· Férias de 15 dias: A frase que mais aplica aqui seria “Ninguém merece!”. E é verdade. Poxa, vida. 15 dias de férias nos primeiros cinco anos na empresa é injusto e quase um castigo. Eu, por exemplo, usava essas duas semanas para ir visitar minha família no Brasil. Ou seja, não tinha condições de viajar a nenhum outro lugar.

· Derecho de piso: Quando escutei falar sobre o “derecho de piso” quase não acreditei. É quase como um trote de faculdade, em que os veteranos tem mais direitos e ditam as regras. Acredito no direito comum, se todos trabalham na mesma empresa, estão alí como equipe e, se começamos a fazer diferença entre as pessoas por tempo na companhia, não é igualdade.

domingo, 11 de abril de 2010

Último dia no escritório



No escritório, a cada momento que me sentia estressada ou triste, olhava pela janela ao meu lado e ficava vendo os barcos no Río de la Plata. Era uma válvula de escape, pois me sentia justo aí, no meio do rio, longe dos meus problemas. Tive momentos no trabalho que me deixaram praticamente louca, e faziam com que eu quisesse sumir do mapa.

Sexta-feira passada foi meu último dia na empresa. Pensando no que eu descrevi logo acima, seria normal pensar que me senti aliviada, não? Mas, na verdade, me emocionei e tive que conter as lágrimas no elevador ao subir ao 17° andar. É estranho. Sentada em minha mesa me dei conta de que a sensação era de que na segunda-feira estaria alí de volta e tudo seguiria igual. Trocando em miúdos, “a ficha não tinha caído”.

Passei por alguns edificios da companhia durante a semana para me despedir das pessoas com as quais havia tido contato durante os dois anos e meio de trabalho. Algumas realmente deixaram sua marca em mim e pude aprender muito com elas. E, nesse momento, o adeus custa muito. Dá um aperto no coração.






Esse capítulo ainda não teve seu fim, porque me comprometi a voltar ao escritório antes da minha partida. Quero dar o último abraço nos meus colegas. Será um turbilhão de emoções. Já sei. Mas é parte das despedidas e terei que enfrentá-lo. Coragem, Marília!

domingo, 4 de abril de 2010

Limpando as gavetas


Em exata uma semana estarei engrossando a fila dos desempregados, primeiro na Argentina e, dentro de alguns dias, no Brasil. É isso mesmo, essa será minha última semana no escritório. Sexta-feira limpo totalmente minha mesa e me despeço dos amigos que fiz alí.

Aliás, essa acho que será a parte mais difícil. Durante esses dois anos e meio na companhia, pude formar com algumas pessoas um vínculo muito especial. Na quarta passada fizemos uma espécie de despedida pra mim num bar de Puerto Madero. Digo “espécie de despedida” porque ainda tenho uma semana pela frente no escritório, mas tudo vale a pena se a alma não é pequena, não é mesmo?

Foram só os mais chegados, mas eu tenho uma filosofia quando o assunto é convidados numa festa: “Estavam os que tinham que estar”, ou seja, foi bacana porque estavam eles. Quando escrevo “eles” não é generalizando, não. Realmente, eram todos homens. Isso porque durante a maior parte do tempo fui a única mulher numa gerencia composta por mais de vinte homens.


Sempre tivemos uma relação muito especial em que eu cuido deles a minha maneira e eles também cuidam de mim. Em alguns dou até puxões de orelha, mas eles sabem que é tudo com carinho. Vou me lembrar de cada um deles de uma forma diferente, mas estarão sempre no meu coração. Ao Cristian, Gonzalo, Guillermo, Gastón, Juan Carlos e Charly Fernandez (é de outra gerencia, mas é um amigão também), que estiveram presentes na quarta em minha despedida, eu deixo registrado aqui meu carinho e quero que saibam que sempre me lembrarei de vocês por onde quer que eu vá.

domingo, 28 de março de 2010

Preparando o adeus

Estou obsecada pelas listas. Tenho lista pra tudo: desde coisas pra comprar antes de ir embora, passando por ida a médicos que tenho que visitar, até reparações que tenho que fazer no apartamento antes de entregá-lo, entre outras coisas. Enfim, sinto que me tornei uma vítima da minha própria neura!

Essa era supostamente minha semana de férias aqui, ou seja, tinha me proposto aproveitar a cidade nesse pouco tempo que me resta. Mas isso foi impossível. Afundei-me nas tarefas, consultas e burocracia. Definitivamente, não é fácil mudar de país. Não me refiro somente às coisas práticas, mas também ao choque que isso representa na vida da gente. Às vezes, andando pelas ruas aqui da vizinhança, começo a pensar que isso que parece tão cotidiano para mim hoje, dentro de pouco tempo, irá desaparecer. Afinal, vou voltar a falar português, passar por outras ruas e armar uma nova rotina.

É estranho... Há momentos em que olho fixamente as coisas para guardá-las na minha mente, na minha lembrança. De nenhuma maneira me arrependo da minha decisão, ao contrário, sigo firme no meu desejo de voltar para a terrinha. Entretanto, tenho a sensação de estar recortando esses quatro anos como se fossem uma página de revista e deixando-os guardados dentro de um livro antigo. Às vezes me pego tentando filmar com os olhos as coisas ao meu redor para gravá-las na minha memória. Acho que é porque quero fazer um nexo entre os dois mundos, que estão ao mesmo tempo tão perto e tão distantes...

São países vizinhos e São Paulo está a só duas horas e meia de avião de Buenos Aires. Tá bom, eu sei disso. Mas sair da academia, pegar a linha D do metrô, passar pelo mercadinho dos chineses para comprar leite, cumprimentar os meninos que trabalham na sorveteria que fica embaixo do meu prédio (Dá pra notar que sou freguesa, né?), são coisas que vão deixar de existir.

O fato de voltar faz aparecer na boca aquele gostinho amargo, não pelo futuro no Brasil, mas sim pelo fato de que acho que não encontrei o que buscava. Na realidade, não sei bem o que buscava, mesmo assim, sinto que não está em mim ou dentro das minhas malas, que já se amontoam na minha sala. As respostas para todos esses questionamentos que tenho hoje, espero encontrá-las um dia.

Não quis preparar uma conclusão para este texto, então vou usar a frase de uma canção do Gustavo Ceratti, que vai encerrar o post dessa semana por mim. Justo no final da música “Adiós”, ele diz: “Poder decir adiós es crecer”. Não precisa dizer mais nada, né?

Que tengan todos una linda semana y felices pascuas.

domingo, 21 de março de 2010

Este blog perderá seu sentido de existir?

Dia 15 de abril completo quatro anos morando em Buenos Aires. Será uma data rodeada de lembranças de momentos bons e maus. Alguns muito bons, outros extremamente ruins. Aliás, como meu computador foi formatado e eu fui totalmente incompetente ao fazer o backup, perdi todas as minhas fotos dos últimos anos. Isso faz com que alguns deles tenha desaparecido dos meus registros. Vão ficar só na memória...

Justamente em meados de abril, ainda não sei a data certa, vou deixar minha vida aqui e voltar para o Brasil. Definitivamente? A resposta é: Sim, definitivamente. Bom, no meu caso, esse termo é meio exagerado, afinal, sou meio nômade. A decisão foi tomada depois de muito pensar. Basicamente um ano de balanço total, pesando o lado positivo e negativo dos dois lugares.

Em abril do ano passado fui nas minhas férias para São Paulo com o objetivo de descobrir se me sentiria novamente identificada com a cidade, sua gente e as ruas. Felizmente, pude me ver em cada rosto que caminhava ou que esperava o ônibus no ponto. Cada um com sua característica diferente, mesmo porque o Brasil é um país muito diverso e São Paulo concentra tudo isso. Depois passei uns dias na praia e senti falta dessa coisa de correr para o mar a cada feriado prolongado. Mais tarde, a meados de 2009, tive um problema de doença na família e isso foi fundamental na minha decisão. Logo pensei: O que raios estou fazendo aqui? Tá legal, Buenos Aires é uma cidade linda, que tem várias atrações culturais, mas será que eu não estou pagando um preço muito alto por tudo isso?

Por outro lado, olhando pelo buraquinho da fechadura, daqui da Argentina vemos o Brasil crescendo e melhorando no âmbito econômico e isso pode me proporcionar um crescimento na carreira. Quero retomá-la. Voltar a trabalhar como jornalista. Afinal, não sei se é pedir demais, mas quero o combo completo: família, carreira, amigos, vida social (não está diretamente relacionado ao item anterior - amigos), viagens(o dólar aqui está pela hora da morte) e, por quê não, dim dim também?

Há apenas algumas semanas antes de me mudar, tenho sentimentos desencontrados. Não que duvide do meu desejo de ir embora, mas passam muitas coisas pela cabeça da gente. Acho que deve ser normal. Algo que a minha amiga Priscilla me falou me marcou muito. Ela disse, “Marília, quando você chegar aqui ao Brasil, deixe Buenos Aires para trás e recomece tua vida. Não fiquei ancorada no passado”. Bom, não deve ter sido exatamente com essas palavras, mas foi algo parecido. E ela tem razão. Baires vai ter um espacinho reservado no meu coração, afinal, foram quatro anos da minha vida caminhando pela Coronel Díaz, tomando a linha 111 e falando “che, vos”. Entretanto, a vida segue seu rumo e tenho que olhar para frente.

Já estou trabalhando no planejamento de todos os detalhes da mudança. E não é nada fácil, eh! No escritório, estou passando minhas últimas semanas, inclusive, estou no processo de desocupar minha mesa. Esta semana estarei de férias! Então, a idéia é aproveitar a cidade como turista, com a câmera nas mãos, disfrutando cada segundo.

Férias! Eba!!! Até a semana que vem...

domingo, 14 de março de 2010

Basta de mentiras!!

Este post é o manifesto da minha revolta contra as mentiras das quais somos vítimas. Mentiras essas que muitas vezes não são necessárias. É triste que as pessoas pelas quais temos um grande apreço, mesmo aquelas que acabamos de conhecer, usem de invenções para tapar situações com quais não sabem como lidar.

Sou uma mulher de 34 anos, cansada de ser alvo das mentiras, sobretudo masculinas. Será tão difícil dizer a verdade, ainda que essa possa entristecer a outra pessoa? Acredito que na vida temos que aprender a lidar com momentos em que falar a realidade pode ferir, mas faz bem! Tudo isso que estou dizendo pode parecer sem sentido, mas, acredite, é o que deve ser. Pensei muito no que ia escrever aqui esta semana e não pude evitar fazer esse desabafo.

Essa semana descobri que uma pessoa muito próxima a mim me mentiu durante bastante tempo. As sensações foram de decepção, raiva e surpresa. Tudo ao mesmo tempo, junto. Não sei se é muita inocência da minha parte, mas quando um homem diz a uma mulher que não gosta dela no sentido amoroso, basta dizer isso! A verdade! Pra que inventar coisas? Somos adultos para escutar o que seja, não é mesmo?

O pior é que não é a primeira vez que me acontece algo parecido nos últimos anos, com a diferença que eu não esperava justamente de quem veio. Mas, enfim, como escrevi no post passado, por sorte, sou uma pessoa que trata de apagar as coisas ruins da mente (e as pessoas também), apertar a tecla play, e seguir em frente!

Boa semana!

domingo, 7 de março de 2010

Corra, que a mulherada vem aí!


Domingo. Dia de sol e altas temperaturas. Possivelmente, o cenário perfeito para participar de uma corrida pelas ruas de Buenos Aires. De fato, foi um evento muito lindo. Quatro mil mulheres correndo juntas contra as doenças cardíacas e em prol da saúde, sem esquecer de que serve também pra manter a silhueta. Claro!

Ainda sem ter podido treinar antes, meu tempo este ano foi de 38 minutos, um minuto a mais com relação ao ano passado. Obvio que não corri o tempo todo. Caminhei pelo menos durante um quilômetro, mas estou satisfeita com o resultado porque, mesmo algumas horas depois da corrida, me sinto muito bem e nada cansada. Devo admitir que é triste não ter ninguém esperando na linda de chegada, nem sequer pra gritar nosso nome, mas uma mulher independente e que realmente vai e faz o que quer, corre do mesmo jeito.

Em realidade, amanhã se comemora oficialmente o Dia Internacional da Mulher e, para comprovar o verdadeiro valor feminino, não é preciso correr 5K e nem mesmo ganhar um prêmio Oscar. Independentemente se estou de acordo ou não com a data e a homenagem, vemos ao nosso redor pessoas que, sim, merecem toda a nossa admiração e carinho, todos os dias. Não quero ser obvia, mas minha mãe, a Neidoca, é uma mulher com M maiúsculo, que criou quatro filhos, trabalhava fora full time e fez tudo isso muito bem. E isso que naquela época não existiam esses spas perfeitos para uma escapadinha de final de semana quando nos sentimos meio estressadas.

Para aquelas lindas damas, cada uma à sua maneira, que encaram a vida com um lindo sorriso ou, em algumas situações, com uma lágrima no canto do olho, meu blog de hoje é uma homenagem. Eu disse anteriormente que não precisava participar de uma corrida para merecer as honras do Dia da Mulher, mas, se puder, corra! Você vai se sentir muito melhor e teu corpo vai te agradecer!

Beijos e boa semana!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sex and the City em Buenos Aires?

É estranho, mas essas conversas por Messenger, às vezes, nos fazem meditar sobre certas coisas. Outro dia, estava falando com um amigo argentino, o Raul, que costuma tecer comentários um tanto quanto ácidos com relação a sua própria cidade. Ele me dizia que odeia La Boca: “Acho deprimente aquelas casinhas pintadas cada parte com uma cor diferente. Não há nada de interessante lá!”.
A surpresa maior para o Raul foi quando eu lhe dei razão. Ok. Não sou tão dura como ele, mas realmente, não vejo nada de especial naquele lugar. Segundo meu amigo, todos os brasileiros são loucos por La Boca e eu sou uma exceção. Tudo bem, às vezes acho que ele exagera um pouco, mas ambos entramos em acordo que a capital federal tem outros lugares legais.
Caminhando por aí...
Sexta-feira passada, fiquei chateada porque ia me encontrar com uma pessoa e, no final, não deu certo. O fato é que estou passando por uma fase na minha vida em que não quero me preocupar ou passar muito tempo remoendo mágoas pelas coisas que as pessoas fazem e me decepcionam. Simplesmente, aperto a tecla play e sigo em frente! Então, como não queria ficar em casa chorando a morte da bezerra, me vesti e fui pra academia. O lugar ideal para liberar a “mala onda” e também as toxinas.

Onde eu quero chegar contando isso? Bom, na volta, toda suada, descabelada e com a cara vermelha, depois de ter me matado na esteira, vim caminhando pelo bairro de Palermo Soho. Vi as pessoas reunidas, tomando uma bebida, conversando. Foi uma cena linda e, para mim, algo triste. Fez-me lembrar de que não tenho companhia aqui para isso. Esses amigos que a gente liga, se fala e encontra sempre, tenho poucos. Na verdade, dá pra contar com os dedos de uma mão só. Confesso que antes de me mudar para cá, imaginava tudo diferente. Eu me via sorrindo numa mesa dessas dos barzinhos de Palermo Soho, como aquelas pessoas que vi. Mas não foi assim. Adoraria poder dizer que tenho uma vida movimentadíssima, com uma agenda lotada, e não que no sábado à noite compro uma pizza e alugo um filme pra ver sozinha em casa.

Por mais que eu seja fã da série Sex and the City, não consegui fazer dos meus dias aqui em Buenos Aires a réplica da vida da personagem Carrie Bradshaw. Não me faltam sapatos, mas sim nomes na agenda. Mas uma coisa aprendi nesses 34 anos: Os amigos que nos chamam para sair, e que somente estão ali para os bons momentos, esses vão e vêm. Passam sem deixar marcas profundas. Mas se a gente tem um amigo, um só que seja, que sempre vai estar disposto a nos dar a mão, isso sim vale a pena! E não importa a distância em que esteja!

Beijos e boa semana!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Novos obstáculos

Não acredito em horóscopos e essas coisas todas de zodíaco, mas os meus amigos que entendem do assunto dizem que meu signo, Áries, tem tudo a ver comigo. Se observo algumas descrições, é verdade, sou típica ariana. Tenho muita energia para começar projetos novos e tenho um toque de impulsividade. Por que estou tocando nessa questão logo agora? O motivo é que, como já comentei no último post, vou participar de uma corrida de 5K dia 7 de março. Já me inscrevi e tudo!


Mas nem tudo é um mar de rosas nessa vida, né? Há duas semanas fiquei resfriada. Muito resfriada. Isso, segundo o médico, foi resultado do choque de ar frio no interior do escritório com o bafo quente da temperatura ambiente ao ar livre. É desanimador, mas meu treinamento a jato vai ter que contar com uma semana a menos. Enfim, 5Km não é muito, mas tampouco quero cruzar a linha de chegada esbaforida e quase colocando o coração pra fora.Esse resfriado foi um balde de água fria, nada esperada, mesmo em dias de temperaturas tão altas. Mas não posso me queixar, porque tenho uma saúde de ferro. Estou fazendo um check-up geral esses dias e está indo tudo muito bem, obrigada.


Há dois fins de semana, aconteceu algo muito engraçado. Fui fazer uma endoscopia digestiva, porque tenho gastrite e refluxo. A moça do laboratório foi enfática: assim como no Brasil, o paciente só pode fazer esse exame com a presença de um acompanhante. Recrutei para essa tarefa árdua meu superamigo Germán, que foi um doce me acompanhando nesse programão de sábado de manhã.Nesse tipo de procedimento, é comum os médicos nos fazerem dormir, para não sentir a introdução da cânula pela boca. Só sei que acordei em outro quarto, com o Germán do meu lado, conversando comigo.


Meio bizarro isso, porque não me lembro de absolutamente nada que aconteceu antes. Mas assustada fiquei eu depois que soube que conversei com a médica enquanto estava sedada. Segundo o meu acompanhante (que adora tirar um sarro na minha cara), a médica me disse: “Vamos, Marília. Você pode acordar agora. Se quiser, pode falar português”. Isso tudo em espanhol, claro. E eu respondi (de acordo com o Germán, com o dedo indicador levantado): “No puedo pensar”. Realmente, o espanhol está gravado na minha cabeça, porque, mesmo grogue, respondi nesse idioma. No fim do exame eu tinha muita fome e ria muito. Parecia uma bêbada, falando bobagens e meio pisando nas nuvens.


Meu estômago, um episódio que não termina


Semana passada fui almoçar num restaurante mexicano em Puerto Madero e, não sei por qual razão, me senti extremamente mal logo depois da refeição. Sinceramente, a comida parecia muito fresca e sem problemas. Bom, anyway, fiquei tão mal que à noite tive que chamar a emergência do meu plano de saúde. Achei que ia morrer de tanta dor de cabeça e estômago.Em resumo, essas duas últimas semanas foram de mal-estar, dor e nada de treinamento. Mas, a partir de amanhã, se Deus quiser, retomo as passadas na esteira da academia. Afinal, tenho pouco tempo para entrar em condições de participar da corrida sem passar vergonha.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Correndo atrás do prejuízo... Ou da barriguinha



Bom, aqui estamos. Já é fevereiro e parece que o ano definitivamente começou. Afinal, aqui em Buenos Aires não temos carnaval. No Brasil dizemos que o ano só começa de verdade depois do carnaval, não é mesmo? Ou seja, o pior é que não posso nem usar essa desculpa pra mim mesma... A propósito, a idéia de que o tempo está passando rápido me deixa mais preocupada, porque carrego comigo resquícios do Natal: Os quilos extra! Está sendo muito difícil perdê-los. Deus sabe como está sendo complicado.

Faço dieta, bato ponto quase todo santo dia na academia, mas a “pancita” conquistada com muito sacrifício à base de caldo de cana, pastel, coxinha e comidinha da mamãe, teima em continuar aqui. Mas uma coisa me animou. Vi que em março vão realizar novamente a “Carrera de las Chicas”, uma corrida promovida pela Nike e dedicada somente às mulheres. No ano passado participei. Foi minha primeira competição e achei fantástico poder participar! Foi uma experiência indescritível.

Atualmente estou passando por uma maratona de médicos e exames. É sempre bom fazer um check-up geral, né? Felizmente, ao que tudo indica, minha saúde está em ótimas condições. Agora me falta encarar outro tipo de maratona. Vou retomar os treinos de corrida pra não fazer feio no dia 07 de março, na Carrera de las Chicas. Quem sabe assim elimino esse “flotador” (bóia) que teima em não desgrudar da minha cintura. Prometo colocar fotinhos do evento aqui, com a camiseta de 2010. A de 2009 era laranja, muito bacaninha.

Enfim, amanhã começo com o treinamento. Deus me ajude e pé na tábua!

domingo, 31 de janeiro de 2010

Vale a pena arriscar?

Este fim de semana, por causa do calor infernal aqui em Buenos Aires, fui quase obrigada a ficar confinada em casa, com o ventilador na cara. Isso fez com que, por conseqüência, eu tenha encarado uma maratona na frente da televisão. Bom, até aí, nenhuma novidade. Mas, depois de tanto tempo em frente à TV, percebi uma coisa: Dá pra perder a conta da quantidade de séries cujo tema central é a vida de mulheres acima dos 40 anos.

Vamos convir comigo, falta criatividade aos canais hoje em dia, né? Uma série conta a história da mulher que tinha uma vida cheia de glamour, com um marido rico e de sucesso, filhos lindos e participava das melhores festas de Hollywood. Aqui essa série de People and Arts se chama “La Ex”. Outra é Accidentally Un Purpose, sobre um grupo de amigas com idade por volta dos 40, que andam todas juntas, ao estilo Sex and the City. E agora, reaparece Courtney Cox fazendo a personagem da mulher na idade da loba, que dá em cima de garotos que têm quase a idade de seu filho.

Será que não se dão conta de que essa fórmula está desgastada? Poxa, uma historinha, duas, tudo bem. Mas tantas? Pra quê? Será que estamos sofrendo agora as conseqüências do grande sucesso de Sex and the City nos 90? Sou uma fã assumida da Carrie e suas amigas, mas acho meio deprimente isso de colocar as mulheres de determinada idade todas no mesmo balaio. Isso faz com que, ao dizer que tenho 34 anos, pensem que estou desesperada para encontrar um marido e isso não é verdade! As mulheres de 30 e poucos, assim como de qualquer outra idade, querem um amor, não um marido simplesmente. Justamente, acontece que esse é muitas vezes o motivo de estarmos solteiras até o momento. Ninguém nunca pensou isso?

No final do ano passado um amigo, o Horácio, me emprestou o livro “Quero um amor para toda a vida”, que trata exatamente do que eu estava dizendo - encontrar um amor. Ali diz que é um erro isso de buscar uma pessoa só porque representa uma boa companhia ou um porto seguro. O autor do livro, Sergio Marquet, é enfático quando diz que temos que buscar alguém que nos faça sentir “enamorados” (apaixonados). Interpretei que o lance é não nos conformarmos com o que a vida nos dá, mas esperar sempre o melhor. Não estou dizendo pra buscar só os pretendentes com máster em Harvard ou então o galã da novela das oito, mas sim aquele que, pelo menos pra nós, é o melhor! Não sei, acho que a gente sente essas coisas, ainda que podemos nos enganar. É verdade.

Tenho uma amiga que teve um lindo casamento e achou que tinha encontrado o seu porto seguro, mas, infelizmente, o cara não era nada disso. Ele jogou sujo com ela. São ilusões e sonhos que se desfazem. Isso me faz refletir: E se deixamos de pensar em ter apenas um bom companheiro e sigamos buscando o grande amor de nossas vidas? Estamos nos arriscando muito? Pode ser. Mas percebi que nada está garantido nesse mundo. Muito menos quando o que está em jogo são os sentimentos.
Beijos e boa semana!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Desenvolvendo minha paciência

A espera... Meu Deus! Às vezes a espera pode ser incômoda e até mesmo cruel. Uma fila de banco ou um estado de meses e meses aguardando que alguma coisa aconteça.

Pode parecer irônico, mas esta semana fui ao escritório responsável por expedir a certidão de antecedentes penais, documento que preciso para terminar meu trâmite de residência aqui na Argentina, e, quando eu pensava que ia sair com o documento dalí, eis que me informam que eu teria deixar minhas digitais, esperar uma semana mais e voltar novamente. Quando me deram essa notícia, fui e me sentei numa cadeira no corredor. Enquanto aguardava que me chamassem pra “tocar piano”, senti um profundo desânimo.

Esse fato me preocupa porque minha residência argentina está para vencer nos próximos dias. O que mais me dá raiva é que mandei meus dados ao órgão responsável com uma semana de antecipação e achava que, quando fosse lá, seria só o trabalho de ir buscá-la. Mera ilusão... A tecnologia não estava tanto assim ao meu favor.

Por outro lado, estou há mais de três anos tramitando minha residência aqui na Argentina (hei, sempre estive de forma legal aqui, viu?) e só agora estou a ponto de tê-la definitivamente (primeiro te dão uma residência por dois anos, e só então te concedem outra definitiva). Duas vezes irônico, porque justo neste momento da minha vida, já não sei mais se quero realmente ficar aqui. Mesmo assim, vou continuar com o processo, afinal, lutei muito por isso e abrir mão agora seria injusto.

Bom, assim é a burocracia, assim é a vida. Podemos esperar um documento ou qualquer outra coisa, o que importa é o que fazemos com o tempo em que esperamos, não é mesmo?

Até a semana que vem!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Que seja melhor que 2009...

2010 já é uma realidade. Parece que a ficha custa pra cair. Este é o primeiro fim de semana depois da virada do ano e eu achei dentro de um caderno aqui em casa a lista de resoluções que eu fiz em 2008, a espera de 2009. Num súbito de masoquismo, comecei a somar as coisas que havia realizado e as que não. O resultado foi catastrófico! De 11 coisas que eu havia me proposto a fazer, coloquei em prática apenas duas... e olha que uma delas foi mais ou menos. E, se analiso bem mesmo, posso até dizer que cumpri uma e meia. Isso é deprimente.

Por isso mesmo que eu, em dezembro passado, me decidi por não fazer nenhuma lista de novas resoluções visando 2010. Não que eu não tenha projetos, longe disso. Na realidade, minha cabecinha já fervilha com muitas coisas. Mas dessa vez, quero, em lugar de escrevê-las somente, acima de tudo, colocá-las em prática. Todos os anos prometo a mim mesma que vou escrever mais vezes aqui no blog, mas a falta de tempo e, sobretudo, a preguiça me proíbem.

Esse ano não vou prometer nada. Quem sabe assim eu começo a cumprir, né? Minha primeira semana de 2010 começou punk no trabalho. E eu que pensava que em janeiro ia ser tranqüilo... A cidade está quase vazia. Aqui em Buenos Aires, todo mundo sai de férias, os que podem, em janeiro ou fevereiro. Até algumas lojas fecham. Os donos colocam uma plaquinha dizendo “vacaciones” e dão no pé. Acho que vão todos pra Costa Atlântica daqui, fugindo do calor de quase 40°C e da umidade relativa do ar de quase 100%.

Em dezembro, tirei uma semana de férias para poder ir visitar minha família no Natal. Agora não tenho mais direito a dias livres. É isso mesmo, aqui são só 15 dias de férias por ano (na verdade, a conta se faz assim: a cada 20 dias trabalhados, um dia de férias, o que termina sendo 15 se contamos com o fim de semana). Eu acho pouquíssimo. E para mim, que tenho família em outro país, não dá pra nada! Tiro uma semana pra passar o Natal com meu pessoal no Brasil e no meio do ano vou visitar a mamãe de novo. Pronto, já se terminaram minhas loooongas férias. Logo, isso quer dizer que não tenho tempo disponível pra viajar a nenhum lugar. É muito desmotivador! A pessoa só passa a ter 21 dias, depois de cinco anos na mesma empresa. Esqueçam!

Bom, vou deixar de reclamar, né? Tem que começar o ano com todo pique.