domingo, 28 de março de 2010

Preparando o adeus

Estou obsecada pelas listas. Tenho lista pra tudo: desde coisas pra comprar antes de ir embora, passando por ida a médicos que tenho que visitar, até reparações que tenho que fazer no apartamento antes de entregá-lo, entre outras coisas. Enfim, sinto que me tornei uma vítima da minha própria neura!

Essa era supostamente minha semana de férias aqui, ou seja, tinha me proposto aproveitar a cidade nesse pouco tempo que me resta. Mas isso foi impossível. Afundei-me nas tarefas, consultas e burocracia. Definitivamente, não é fácil mudar de país. Não me refiro somente às coisas práticas, mas também ao choque que isso representa na vida da gente. Às vezes, andando pelas ruas aqui da vizinhança, começo a pensar que isso que parece tão cotidiano para mim hoje, dentro de pouco tempo, irá desaparecer. Afinal, vou voltar a falar português, passar por outras ruas e armar uma nova rotina.

É estranho... Há momentos em que olho fixamente as coisas para guardá-las na minha mente, na minha lembrança. De nenhuma maneira me arrependo da minha decisão, ao contrário, sigo firme no meu desejo de voltar para a terrinha. Entretanto, tenho a sensação de estar recortando esses quatro anos como se fossem uma página de revista e deixando-os guardados dentro de um livro antigo. Às vezes me pego tentando filmar com os olhos as coisas ao meu redor para gravá-las na minha memória. Acho que é porque quero fazer um nexo entre os dois mundos, que estão ao mesmo tempo tão perto e tão distantes...

São países vizinhos e São Paulo está a só duas horas e meia de avião de Buenos Aires. Tá bom, eu sei disso. Mas sair da academia, pegar a linha D do metrô, passar pelo mercadinho dos chineses para comprar leite, cumprimentar os meninos que trabalham na sorveteria que fica embaixo do meu prédio (Dá pra notar que sou freguesa, né?), são coisas que vão deixar de existir.

O fato de voltar faz aparecer na boca aquele gostinho amargo, não pelo futuro no Brasil, mas sim pelo fato de que acho que não encontrei o que buscava. Na realidade, não sei bem o que buscava, mesmo assim, sinto que não está em mim ou dentro das minhas malas, que já se amontoam na minha sala. As respostas para todos esses questionamentos que tenho hoje, espero encontrá-las um dia.

Não quis preparar uma conclusão para este texto, então vou usar a frase de uma canção do Gustavo Ceratti, que vai encerrar o post dessa semana por mim. Justo no final da música “Adiós”, ele diz: “Poder decir adiós es crecer”. Não precisa dizer mais nada, né?

Que tengan todos una linda semana y felices pascuas.

domingo, 21 de março de 2010

Este blog perderá seu sentido de existir?

Dia 15 de abril completo quatro anos morando em Buenos Aires. Será uma data rodeada de lembranças de momentos bons e maus. Alguns muito bons, outros extremamente ruins. Aliás, como meu computador foi formatado e eu fui totalmente incompetente ao fazer o backup, perdi todas as minhas fotos dos últimos anos. Isso faz com que alguns deles tenha desaparecido dos meus registros. Vão ficar só na memória...

Justamente em meados de abril, ainda não sei a data certa, vou deixar minha vida aqui e voltar para o Brasil. Definitivamente? A resposta é: Sim, definitivamente. Bom, no meu caso, esse termo é meio exagerado, afinal, sou meio nômade. A decisão foi tomada depois de muito pensar. Basicamente um ano de balanço total, pesando o lado positivo e negativo dos dois lugares.

Em abril do ano passado fui nas minhas férias para São Paulo com o objetivo de descobrir se me sentiria novamente identificada com a cidade, sua gente e as ruas. Felizmente, pude me ver em cada rosto que caminhava ou que esperava o ônibus no ponto. Cada um com sua característica diferente, mesmo porque o Brasil é um país muito diverso e São Paulo concentra tudo isso. Depois passei uns dias na praia e senti falta dessa coisa de correr para o mar a cada feriado prolongado. Mais tarde, a meados de 2009, tive um problema de doença na família e isso foi fundamental na minha decisão. Logo pensei: O que raios estou fazendo aqui? Tá legal, Buenos Aires é uma cidade linda, que tem várias atrações culturais, mas será que eu não estou pagando um preço muito alto por tudo isso?

Por outro lado, olhando pelo buraquinho da fechadura, daqui da Argentina vemos o Brasil crescendo e melhorando no âmbito econômico e isso pode me proporcionar um crescimento na carreira. Quero retomá-la. Voltar a trabalhar como jornalista. Afinal, não sei se é pedir demais, mas quero o combo completo: família, carreira, amigos, vida social (não está diretamente relacionado ao item anterior - amigos), viagens(o dólar aqui está pela hora da morte) e, por quê não, dim dim também?

Há apenas algumas semanas antes de me mudar, tenho sentimentos desencontrados. Não que duvide do meu desejo de ir embora, mas passam muitas coisas pela cabeça da gente. Acho que deve ser normal. Algo que a minha amiga Priscilla me falou me marcou muito. Ela disse, “Marília, quando você chegar aqui ao Brasil, deixe Buenos Aires para trás e recomece tua vida. Não fiquei ancorada no passado”. Bom, não deve ter sido exatamente com essas palavras, mas foi algo parecido. E ela tem razão. Baires vai ter um espacinho reservado no meu coração, afinal, foram quatro anos da minha vida caminhando pela Coronel Díaz, tomando a linha 111 e falando “che, vos”. Entretanto, a vida segue seu rumo e tenho que olhar para frente.

Já estou trabalhando no planejamento de todos os detalhes da mudança. E não é nada fácil, eh! No escritório, estou passando minhas últimas semanas, inclusive, estou no processo de desocupar minha mesa. Esta semana estarei de férias! Então, a idéia é aproveitar a cidade como turista, com a câmera nas mãos, disfrutando cada segundo.

Férias! Eba!!! Até a semana que vem...

domingo, 14 de março de 2010

Basta de mentiras!!

Este post é o manifesto da minha revolta contra as mentiras das quais somos vítimas. Mentiras essas que muitas vezes não são necessárias. É triste que as pessoas pelas quais temos um grande apreço, mesmo aquelas que acabamos de conhecer, usem de invenções para tapar situações com quais não sabem como lidar.

Sou uma mulher de 34 anos, cansada de ser alvo das mentiras, sobretudo masculinas. Será tão difícil dizer a verdade, ainda que essa possa entristecer a outra pessoa? Acredito que na vida temos que aprender a lidar com momentos em que falar a realidade pode ferir, mas faz bem! Tudo isso que estou dizendo pode parecer sem sentido, mas, acredite, é o que deve ser. Pensei muito no que ia escrever aqui esta semana e não pude evitar fazer esse desabafo.

Essa semana descobri que uma pessoa muito próxima a mim me mentiu durante bastante tempo. As sensações foram de decepção, raiva e surpresa. Tudo ao mesmo tempo, junto. Não sei se é muita inocência da minha parte, mas quando um homem diz a uma mulher que não gosta dela no sentido amoroso, basta dizer isso! A verdade! Pra que inventar coisas? Somos adultos para escutar o que seja, não é mesmo?

O pior é que não é a primeira vez que me acontece algo parecido nos últimos anos, com a diferença que eu não esperava justamente de quem veio. Mas, enfim, como escrevi no post passado, por sorte, sou uma pessoa que trata de apagar as coisas ruins da mente (e as pessoas também), apertar a tecla play, e seguir em frente!

Boa semana!

domingo, 7 de março de 2010

Corra, que a mulherada vem aí!


Domingo. Dia de sol e altas temperaturas. Possivelmente, o cenário perfeito para participar de uma corrida pelas ruas de Buenos Aires. De fato, foi um evento muito lindo. Quatro mil mulheres correndo juntas contra as doenças cardíacas e em prol da saúde, sem esquecer de que serve também pra manter a silhueta. Claro!

Ainda sem ter podido treinar antes, meu tempo este ano foi de 38 minutos, um minuto a mais com relação ao ano passado. Obvio que não corri o tempo todo. Caminhei pelo menos durante um quilômetro, mas estou satisfeita com o resultado porque, mesmo algumas horas depois da corrida, me sinto muito bem e nada cansada. Devo admitir que é triste não ter ninguém esperando na linda de chegada, nem sequer pra gritar nosso nome, mas uma mulher independente e que realmente vai e faz o que quer, corre do mesmo jeito.

Em realidade, amanhã se comemora oficialmente o Dia Internacional da Mulher e, para comprovar o verdadeiro valor feminino, não é preciso correr 5K e nem mesmo ganhar um prêmio Oscar. Independentemente se estou de acordo ou não com a data e a homenagem, vemos ao nosso redor pessoas que, sim, merecem toda a nossa admiração e carinho, todos os dias. Não quero ser obvia, mas minha mãe, a Neidoca, é uma mulher com M maiúsculo, que criou quatro filhos, trabalhava fora full time e fez tudo isso muito bem. E isso que naquela época não existiam esses spas perfeitos para uma escapadinha de final de semana quando nos sentimos meio estressadas.

Para aquelas lindas damas, cada uma à sua maneira, que encaram a vida com um lindo sorriso ou, em algumas situações, com uma lágrima no canto do olho, meu blog de hoje é uma homenagem. Eu disse anteriormente que não precisava participar de uma corrida para merecer as honras do Dia da Mulher, mas, se puder, corra! Você vai se sentir muito melhor e teu corpo vai te agradecer!

Beijos e boa semana!